quinta-feira, 3 de julho de 2008

Saudades da primeira viagem

Ontem, meu filho viu um bebê. Até então, vinha dizendo que não queria um irmão... Mas viu um bebê e vocês sabem como isso pode ser emocionante. Para uma criança de dois anos e meio é a visão do paraíso: um boneco, um brinquedo... Olhou pra mim e disse: Quero um desse. Como se estivesse escolhendo um dos seus carrinhos nas lojas de brinquedo. Ri. Ele repetiu: Quero um desse, mamãe... Lembrei-me de tudo, como num filme. Os nove meses de gravidez, o parto, os primeiros três meses, as rachaduras no peito, as alegrias diárias, as descobertas a cada segundo... Senti saudades especialmente do dia em que descobri o meu amor por meu filho... É, porque todo mundo acha que a criança nasce e a gente já ama à primeira vista. Claro que acredito que algumas mães possam ter sentido isso no momento em que viram o (a) filho (a). Comigo foi diferente, foi um processo... As primeiras semanas depois do parto não foram fáceis. Os primeiros 15 dias foram particularmente estressantes para mim... Recuperando-me de uma cesariana, amamentando, sem hora pra dormir... Minha rotina de cabeça pra baixo. Minha vida havia mudado completamente. No pós-parto, lembrei-me muito de uma amiga, Natália Câmara. Ela foi a única que teve coragem de me prevenir: Chris, o pessoal vê tudo de forma muito romântica... Vai visitar a gente no hospital e quer que a gente esteja linda, maravilhosa, enlevada com a maternidade... Não é bem assim. Tem dia que a gente tem vontade de jogar o menino pela janela. Ela tinha razão. É uma visão romântica essa de que a gente já está amando ser mãe logo que a criança nasce. Essa descoberta vem com o tempo. A gente já pode até estar adorando ser mãe, mas ainda não sabe, até que chega o dia da grande descoberta. Não me lembro da data exatamente, mas João Marcelo tinha mais de um mês, eu o estava amamentando e, de repente, comecei a sentir as lágrimas rolando... Eu estava completamente enlevada... Por que eu estava chorando mesmo? Olhei aquela criança linda, indefesa, mamando e entendi: eu acabava de encontrar o verdadeiro amor, aquele incondicional, que a gente passa a vida procurando e só encontra no amor por um filho. Eu amava aquela criança com toda a intensidade... Impossível descrever aquele momento, mas está registrado na minha memória. Ontem, quando vi o bebê, senti saudades dessa primeira viagem...

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