quinta-feira, 29 de maio de 2008

Viagem

Da última vez que viajei com Marcelo (meu marido, pai de João Marcelo), sem o Gordo, foi uma frustração. Imagine que você chegou, com seu love, a uma praia deserta, em Alagoas, há cerca de duas horas, está hospedada numa pousada chamada Aldeia Beijupirá, quando o (seu) celular da TIM, que tem um ótimo sinal por lá, toca... Não é um comercial da TIM, muito menos da Aldeia Beijupirá, querida, é vida real! Ele toca e a sua mãe, a avó do seu filho, nervosíssima, avisa que ele levou uma queda e terá que levar quatro pontos na cabeça. Você olha em volta e se lembra de que está a cerca de três horas do Recife, que precisa fazer uma travessia de balsa para conseguir pegar a estrada e que esta seria a sua primeira viagem, sozinha com seu marido, depois de mais de um ano! O que você faria? a) Manteria a calma e esperaria o desdobramento dos fatos. b) Ficaria histérica ao telefone querendo saber detalhes sobre o acidente. c) Passaria o telefone para o marido e esperaria que ele administrasse a situação, mas voltaria a puxar o telefone do marido. d) Todas as alternativas anteriores. Eu fiquei com a alternativa d). Primeiro, fiquei histérica, querendo saber como tinha acontecido (como se assim, pudesse voltar no tempo). Depois passei o telefone para Marcelo. Como vi que ele estava mudo, quase catatônico, puxei de volta o telefone. Foi quando resolvi manter a calma e esperar para ver se precisaria voltar. A decisão foi racional, mas confesso que não funcionou. A viagem já tinha ido por água abaixo. A gente já não tinha clima nem para saborear aquele jantar maravilhoso do Beijupirá... Enfim, o fim de semana tinha acabado mesmo. Voltamos no dia seguinte, no primeiro horário da manhã. Passamos a noite dando cochilos embalados pela esperança de que o dia chegasse e com ele o serviço da balsa que precisávamos pegar... Bom, mas cada viagem é uma viagem... Por isso, tenho fé que este final de semana que vou passar com Marcelo em Fortaleza será tranqüilo. Além do mais, João Marcelo já teve todas as viroses que poderia contrair no último mês, então... Além do mais, ele vai ficar com meu pai e minha mãe... Se eles me criaram, né? Tem mais: domingo, 15h30, estarei de volta. É uma viagem muito rápida... João Marcelo é uma criança calma, nunca cai... nunca se machuca... é saudável...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Palestra de Içami Tiba é adiada

Quem tem interesse em ouvir a palestra de Içami Tiba - Quem ama educa! - anunciada para a próxima segunda-feira (02) vai ter que esperar. O evento foi adiado e Içami Tiba só estará no Recife no dia 27 de outubro, às 20h, no Mar Hotel.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Corte de cabelo

Já ouviram falar na palavra e-s-c-â-n-d-a-l-o? Pois é, hoje eu presenciei um. Meu fiho foi o protagonista. E tudo por causa de um corte de cabelo. É, um corte de cabelo. Aquilo que a gente faz com certa constância pra combater o calor e deixar o xuxuzinho mais lindo... Ele fez uma cena. Chorou, dizendo que estava doendo; fez contorcionismo na cadeira, como se estivesse sendo torturado; derramou lágrimas copiosamente... Isso tudo num intervalo de exatos seis minutos. É claro que eu não ia colocá-lo numa camisa de força. Depois de toda a negociação, de estar coberta de ponta de cabelo, coçando os braços e o rosto (sim, porque ele estava no meu colo, era a condição que tinha imposto pra cortar as madeixas), entreguei os pontos. Desisti. A cabeleireira - que só tinha conseguido cortar a franja - no final sequer cobrou. Acho que não via a hora de se ver livre da gente. "Não, mãe, não precisa pagar nada, não. Pode ir. Ele está muito estressado. Vá, vá". Ela definitivamente queria que a gente sumisse dali. Saí, passada. Chegamos a nossa casa. A avó estava aqui e, notando o cabelo dele um pouco diferente (um verdadeiro caminho de rato, pra ser sincera), perguntou: "Cortou o cabelo, João Marcelo?" Ele respondeu com um tom que só podia ser de cinismo: "Ainda não". A avó sorriu com a resposta e sequer conhecia o contexto.

domingo, 25 de maio de 2008

"Mantenha distância"

Passei por uma esses dias que não sei muito bem como contar, mas vou contar. Bom, estou administrando uma conjuntivite e sabe as recomendações quais são: distância do filho, lavar as mãos sempre (suas e dele) por aí vai. Estou parecendo aqueles avisos de caminhão: "Mantenha distância". O fato é que ninguém pegou a bendita aqui em casa. Até agora, pelo menos. Essa conjuntivite é viral e agora comecei a aprender tudo sobre ela. A gente pensa que está melhorando, piora. Passa um dia sem dor, no outro, a dor vem dobrada. Enfim, sábado da outra semana achei que estivesse boa. Sem ardor, olhos limpos, todos os sinais de que ela já tinha me deixado em paz. Aqui no Recife tem chovido. Quem é daqui sabe. O dia amanhece lindo e de repente cai a maior chuva. João Marcelo carente, o dia feio e eu tive a idéia genial: vamos ao shopping para brincar naqueles cercadinhos horrorosos! Vamos! Quem me conhece sabe: Essa é minha última opção. É a apelação geral. Não gosto de ir a shopping center nem pra fazer compras, imagina pra distrair criança. Ainda mais com esse monte de doença assolando... Virose, conjuntivite, meningite... E todo mundo confinado em um "não-lugar", como sociólogos já definiram esses centros de compra. Bom, mas fui. Vivi uma experiência no mínimo dolorosa. João Marcelo ficou lá dentro, brincando, eu cá fora, num café, observando. De repente, deparei-me com a situação (não tenho palavras para adjetivá-la). Um menino do lado de fora do cercadinho, com um controle de video game, jogando, olhando para dentro por entre as brechas da cerca. Maltrapilho, sujo, lá pela casa dos 13 anos. Provavelmente da favela que foi imprensada para que o shopping fosse construído. Não foram mais de cinco minutos. Com certeza, ele pedira o controle a alguma criança de dentro do cercadinho... Visualizei a seguinte condição: as crianças que ficavam dentro do cercado e as que ficavam fora... É claro que não era uma novidade. É claro que essa condição sempre existiu, mas dessa vez eu fui testemunha ocular. Senti uma dor enorme ao ver aquilo. Entretanto, nada fiz. Continuei tomando meu café, contemplativa. Uma espectadora passiva. Fiquei refletindo e notei que o menino vinha se aproximando do lugar onde eu estava. Devia ter sido banido de lá. Alguma funcionária zeloza deve ter percebido e pedido o controle de volta. Ele se aproximou de uma senhora, pediu algo. A mulher negou. Ele se aproximou de mim e pediu dinheiro para comer. Eu disse que não daria dinheiro, mas pagaria um lanche para ele. Ele foi à moça do caixa, pediu um lanche e eu paguei. Depois, fiquei pensando na hipocrisia do meu gesto. Não tomei a iniciativa de ir pagar a entrada dele no cercadinho. Não. Talvez ele fosse muito maltrapilho e sujo para brincar no mesmo espaço em que meu filho estava. Era uma criança, como a minha, mas nem tanto. Senti-me mal. Ainda hoje a lembrança me emociona. Não apenas a dele, do lado de fora do cercadinho, mas também a minha, de mera espectadora, que compensou a culpa de não ter viabilizado a entrada dele no cercadinho pagando-lhe um lanche. Talvez, inconscientemente, tenha achado que aliviaria minha culpa ao pagar o lanche. Embora não o tenha feito com essa intenção. Hoje, refletindo, entendo a mesquinhez do gesto. Não era exatamente o lanche que aquela criança queria, mas era só aquilo que eu estava disposta a lhe oferecer. Continuava com aquele aviso de caminhão, "Mantenha distância", só que agora essa distância não seria entre eu e João Marcelo.

Ausência

Pessoal, desculpa a ausência esses dias todos... Estou há exatos quinze dias administrando uma conjuntivite miserável, daquelas que eu não conseguia sequer pensar em abrir o computador. Ainda não estou boa: é antibiótico, corticóide, soro fisiológico. De uma forma ou de outra, estou melhorando. Nunca tinha tido e não pensei que fosse tão ruim... Bom, pelo menos agora já está dando pra encarar o computador...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Jadilma e Isadora

Dois dos principais jornais do Recife deram hoje, na primeira página, a notícia do reencontro de Jadilma com Isadora. Jadilma, a mãe, e Isadora, a filha seqüestrada com menos de 24 horas de nascida por Divanir Maria da Silva. A seqüestradora que saiu, com a menina nos braços, do Hospital Central de Paulista foi denunciada e já está presa na Colônia Penal Feminina do Recife. Caso encerrado, final feliz. Ficam, entretanto, algumas reflexões. Não vou nem querer imaginar o desespero de Jadilma com o seqüestro da criança. Muito menos especular sobre a dor de um bebê que procura o calor dos braços da mãe, o peito que alimenta e a voz que acalma, mas não encontra. Entretanto, acho que vale a pena refletir sobre a facilidade com que uma desconhecida entra num hospital e sai com uma criança nos braços de forma, aparentemente, tranqüila. Refletir ainda sobre a "coincidência" de a mulher que seqüestrou Isadora morar a apenas duas ruas de distância da casa de Jadilma. E mais: refletir sobre a freqüência com que esses fatos ocorrem no Brasil. De vez em quando, uma notícia de uma criança seqüestrada na maternidade. A falta de segurança nos hospitais, a negligência podem ser cogitadas. O final feliz é um alívio, mas não pode colocar uma pedra numa situação que se repete em várias cidades do País. Algum procedimento institucional falhou. Ou o seqüestro não teria havido. As autoridades precisam investigar até o fim para inibir outras ocorrências do tipo.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Compositor nato

João Marcelo (pra quem ainda não sabe, meu filhote de dois anos e quatro meses) sempre gostou de música. Desde que estava na minha barriga... Quando eu conseguia dar um tempo na minha vida agitada, parava, deitava e levantava as pernas, não dava outra: era colocar o cd "Beatles for babies" (recomendo às mães que estiverem grávidas) que ele parava de se mexer e ficava bem quietinho. Pois é, ele nasceu, foi crescendo e aqui em casa a gente gosta de ouvir boa música. Desde um ano de idade, João Marcelo vem demonstrando que sente muito prazer com sons. Ele sempre transformava os brinquedos em alguma coisa sonora. Por exemplo: pegava o carrinho e fazia dele um instrumento de percussão contra o chão... De repente, começava a cantarolar pela casa... Comecei a perceber esse gosto musical e a comprar cd pra ele ouvir (dá uma olhada na lista). Depois, os presentes que ele escolhia eram sempre instrumentos musicais... A madrinha (minha irmã) deu a ele um cavaquinho; minha mãe, uma sanfona, e eu descobri uma professora que trabalha com pré-musicalização para bebês. Duas, na verdade: Isabel e Adna. Uma vez por semana, vamos ao Rosarinho e Isabel apresenta os instrumentos, estimula João Marcelo a se movimentar, a cantar e a tocar também. Eu participo da aula que, por enquanto, é individual. Ele é o primeiro aluno dela nessa faixa etária. Pois é, agora descobrimos uma nova faceta dele: a aptidão para compor... Vejam só! Há um mês estávamos em Gravatá e do nada ele começou a cantarolar uma música que eu não sei de onde ele tirou: "Tá, tá, tá... tá passeando em Gravatá...". Mas a melhor de suas composições, a que merece o prêmio Grammy, foi a que ouvimos hoje. Ele me chamou e eu respondi: "Já vou, filho!" Então ele começou a cantarolar: "Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar (ele não fala ladrinhar, ele fala alguma palavra que significa isso, entende?) com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante (outra palavra que a gente supõe que seja brilhante), para mamãe, para mamãe passar..." Eu tinha ou não tinha que registrar? Se eu não registrasse essa, o blog teria que mudar de nome...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Içami Tiba no Recife

O autor de "Quem ama, educa!", Içami Tiba, vai dar uma palestra no Recife, no próximo dia 02 de junho, às 20h, no Mar Hotel. Tema: Quem ama, educa! Formando cidadãos éticos. O evento é aberto ao público e você pode conseguir mais informações pelo telefone 3231.4997, com Jaqueline Salles. Confesso que discordo de uma série de suas afirmações categóricas. Quem sou eu pra discordar de um autor que já vendeu mais de dois milhões de livros falando sobre educação? Sou, primeiro, um ser pensante; depois, sou mãe, ora! De qualquer forma, para discordar tive que conhecer, lendo alguns dos seus livros. Uma palestra como essa, de uma maneira ou de outra, é sempre uma oportunidade de discutirmos questões pertinentes à formação dos nossos filhos. Pode ser interessante conferir! Deixo a dica.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Adormecido ou acordado?

Às vezes, João Marcelo está dormindo, mas posso jurar que ele está acordado. Agora mesmo, estava aqui, no escritório, que fica ao lado do quarto dele, e ouvi um choro... Pensei que fosse um choro. Não era. Acho que ele estava sonhando. Depois ouvi: "Mamãe...". Pronto, agora ele acordou. Fui lá e ele estava dormindo. Ele dorme a noite inteiiiira, diga-se de passagem. É melhor não se gabar, mas que é uma bênção, é. Ele dorme assim desde os três meses de idade. Agora arrasei! Muita mãe deve estar pensando, com um certo despeito: "Esse menino não mamou!" Mamou, sim, querida (matei de inveja, morreu, vai sair do blog... sai não, vai... tô gostando tanto desta brincadeira de postar mensagem sobre esta viagem que é ser mãe...)! A pediatra de João Marcelo, um amor, batia na madeira, quando perguntava sobre o sono dele e eu respondia com uma tranqüilidade de quem dorme a noite toda muito bem, obrigada. Teve um período que ficou complicado... Lá pelos nove meses, quando começaram a nascer os dentes. Foi uma aventura. Uns três meses em claro durante quase a noite toda. O menino só queria peito, peito, peito. Coçando a gengiva, ele me feriu. Se eu disser que não senti, vocês acreditam? Ou eu estava dormindo na hora que ele me feriu ou eu já estava tão escaldada com os percalços da amamentação que nem percebi. O problema é que eu adorei amamentar. Sei que há mães que não gostam. Eu não as culpo. Não é fácil!!! Quem disser que é fácil, desculpe, eu discordo. Dá um prazer enorme, mas também tem suas vicissitudes... Mas voltando: o fato é que ele me mordeu. Foi o que o cirurgião-pediatra disse. O menino só fazia cocô preto... E vocês sabem: cocô preto... tá perdendo sangue (foi o que pensamos). O cirurgião-pediatra olhou pra João Marcelo e disse: "Um menino corado desse, perdendo sangue? Senhora, o seu peito deve estar com alguma fissura". "Mas, doutor, eu retiro leite com as máquinas elétricas e o leite sai branquinho, sem qualquer sinal de sangue...". Ele riu: "Elas não puxam tão profundamente quanto os bebês. A senhora vai observar, quando o estiver amamentando, se a boca dele não fica vermelha...". Saímos do consultório. Silêncio total. João Marcelo não dava um pio. Claro que estávamos aliviados com a avaliação médica. Mas vocês sabem como é: o menino fazia cocô preto há três dias e a gente já tinha passado por quatro médicos. Pairava um silêncio dentro do carro. Marcelo, de repente, começou a rir. Eu também, claro. Ainda bem que ele estava rindo da minha leseira de mãe... Eu tinha que fazer eco! Não fez uma reclamação sobre a minha inexperiência (ou demência? olha a rima, jornalista!). "Coisa de pai quase mãe". João Marcelo, sabendo o que tinha aprontado, nesta noite, dormiu tranqüilamente, sem que ouvíssemos sequer um suspiro.

Entrevista

Marília Gabriela fez uma entrevista ótima com a atriz Denise Fraga ontem, no canal GNT. Vão reprisar o programa amanhã, às 22h30. Vale a pena dar uma zapeada. Denise Fraga escreve uma coluna interessante na Revista Crescer, intitulada "Travessuras de Mãe".

domingo, 11 de maio de 2008

Presente

Bom, Dia das Mães. Um blog intitulado Coisa de mãe não pode passar em branco num dia como esse. De qualquer maneira, passei o dia refletindo sobre o dia. Não tive outra coisa a fazer porque fiquei confinada em casa, com uma confirmação de conjuntivite e uma suspeita de dengue. Deitada na cama e isolada do meu filho, por motivos óbvios. Ganhei presente, claro. Lindos. Um do pai, outro do filho. Mas o melhor de todos veio agora à noite. Na hora de colocá-lo para dormir. Considerando meu estado, eu não seria a pessoa mais indicada para fazê-lo dormir hoje, mas não teve jeito. Havíamos passado o dia separados e a frase "Eu quero minha mamãe" fez com que eu ignorasse a prudência e fosse contar historinhas para ele. Fiquei afastada dele, diferentemente de todas as noites. E ele começou: "Mamãe, deita no meu travesseiro". Eu expliquei que não podia, estava doente e não queria que ele pegasse... Ele respondeu, colocando a mão ao redor do meu pescoço, no abraço mais carinhoso do mundo: "Quer que eu bote remédio? Eu cuido de você, mamãe". Foi quando recebi o maior dos meus presentes e agora acho que minha imunidade deve dar o ar da graça.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Gostaria de saber se aí tem mangueira...

A escolha da primeira escola para os filhos não deve ser fácil para ninguém... Aqui em casa, acho que foi um pouco mais difícil... Sempre fui aquela que se preocupa com o macro; o pai, que ocorre de ser também meu marido, sempre foi aquele dos mííínimos detalhes, se é que vocês me entendem... Vou explicar: ele é engenheiro elétrico. Quando terminávamos de visitar cada uma das escolas que tivemos a chance de conhecer (cerca de 15), vinha a frase: "Pontos positivos (eu sempre começava): 'a proposta pedagógica (quando era o caso), o espaço físico' e por aí vai; Pontos negativos (em geral, era a vez dele): 'tinha um fio solto acessível a qualquer criança, você viu aquela escada?" Até aí, tudo bem. Um belo dia de novembro, em uma das visitas, ele disparou: "Por que toda escola tem uma mangueira, hein?" Demorei um pouco para entender do que ele estava falando. Mangueira? Que mangueira? Foi quando ele explicou que toda escola que a gente visitava tinha uma mangueira no parque. É, uma mangueira, aquela árvore que dá manga e uma sombra maravilhosa... A princípio, não entendi nada. Marcelo - o nome do pai de João Marcelo, meu filho (haja criatividade) - morou em casa a vida inteira, lá em Casa Amarela. Se tem uma coisa que não falta naquela casa é mangueira! E o homem estava preocupado com as mangueiras das escolas. Mas ele não se fez de rogado e me deixou em estado deplorável: "Estou pensando na segurança de João Marcelo. Se uma manga cai na cabeça de um desses meninos, acabou, morre na hora". E eu me perguntei: "Como não pensei nisso antes?" Agora tínhamos mais um ponto negativo nas avaliações das escolas: a bendita mangueira. Podemos garantir, com conhecimento de causa: todas as escolas que visitamos tinha lá a majestosa mangueira. Imponente, como a desafiar-nos a matricular João Marcelo. Ela parecia olhar pra mim com um certo desprezo e pra Marcelo... com deboche. Entrávamos no carro e o primeiro ponto negativo era a mangueira. Ironicamente, manga é a fruta preferida dele. Confesso que já estava meio descrente de que conseguiríamos matricular João Marcelo para o início de 2008. Não chegávamos a um consenso. Até que fomos visitar a última escola da lista. Todos nossos amigos a haviam apontado como uma das melhores do Recife. Só que ela fica longe pra gente. Pense numa contramão! Mas, sabe como é: mãe é mãe, pai é pai... Educação é tudo que a classe média trabalhadora pode oferecer aos seus filhos... Enfim, todo esse discurso que vocês já conhecem. Confesso que minha vontade era chegar à portaria da escola e perguntar: "Gostaria de saber se aí tem mangueira..." Pra não perder tempo... Tempo é dinheiro e minha paciência estava para se esgotar a qualquer momento. Resisti. Entramos, conversamos com a coordenadora, voltei às minhas preocupações pedagógicas. Ficamos impressionados. Chegou a hora de conhecer as dependências da escola. Fiquei torcendo para não encontrar a mangueira de novo, aquela dos meus pesadelos mais recentes. Mas não deu outra. Ela estava lá, impassível. Não consegui ver mais nada. Olhei pra ele e disse: "Aqui também tem mangueira, meu bem" (sabe aquele 'meu bem' enfático, aquele 'meu bem' que queria dizer que ia esganá-lo ou mandar derrubar a mangueira...) Ele respondeu: "Pelo menos, aqui o pessoal é inteligente. Colocou uma rede (dessas que a gente coloca nas janelas dos apartamentos para evitar acidentes com as crianças)". Olhei de novo e vi. Nunca fiquei tão feliz por ver uma rede. Ela protegia o parque das eventuais mangas que caíssem sem prejudicar o ambiente, mantendo-o arborizado e agradável. Sorri aliviada.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O primeiro comentário, a gente nunca esquece

Natália foi uma mãe que me inspirou muito quando eu me encontrava em estado interessante. E foi dela o primeiro comentário publicado no blog. Não por acaso. Natália é muiiiito mãe! Mãe coruja, mãe doce, mãe firme. É Coisa de mãe rejeitar promoção no emprego pra ficar mais tempo com os filhos, não é não? Deu uma sugestão super interessante sobre o horário de entrada das crianças na escola... Ela lembrou o quanto nós, matriarcas, ficamos à vontade no ambiente escolar. Além disso, acho que toda mãe tem uma pra contar sobre esse momento fatídico! João Marcelo, que está na fase de adaptação escolar, sempre apronta uma. Depois passo por aqui e conto!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mãe é mãe

Acabo de chegar do aniversário de um dos coleguinhas do meu filho, João Marcelo. Sentei à mesa com outras mães de colegas da escola... Conversamos durante mais de duas horas, foi divertido. Mas só agora, depois de chegar à minha casa, percebi. Passamos todo o tempo falando das crianças. Não me lembro de nenhum outro assunto que não tivesse relação com elas. "Ele é assim, ela é assado... Quando ele se comporta dessa maneira... Olha a alegria dele... Ela está gripando tanto..." Cheguei à conclusão de que mães, quando se reúnem, só têm um assunto: filhos (as) etc e tal. Filhos e assuntos correlatos. Ponto final. É Coisa de mãe trocar idéias com outras mães. É agradável falar neles, deles, estar ali com eles. O maior barulho, criança correndo pra lá e pra cá... E tudo perfeito! Tudo no seu devido lugar. Nós, mães, sentadas à mesa, a conversar, enquanto percorríamos o salão com os olhos, à procura dele ou dela. Freqüentemente, uma de nós se levantava e ia curtir as crianças, brincar, observar o que estavam fazendo. Um no pula-pula, outra na piscina de bolas, mais uma na casinha que compunha o cenário da fazendinha... Sempre eles, o centro das atenções... Só agora me dei conta. Só agora percebi como falamos o tempo todo sobre eles, instintiva e amorosamente... Mais uma Coisa de mãe...

Só pra contrariar...

Resolvi contrariar o poeta e batizei o título da primeira e anterior postagem de "Filhos, melhor tê-los!" Quem tem filho já deve saber o porquê. Quem não tem saberá... Mas só se resolver tê-lo... Não adianta ficar só lendo blog, NÃO! Só ler blog não é Coisa de mãe. Tem que participar, contar as estripulias dos anjinhos, compartilhar e achar maravilhoso o que o filhinho fez, mesmo que ninguém mais ache excepcional, muito menos engraçado, muito menos "tão lindo..." Coisa de mãe normalmente é aquilo que é leseira para todo o resto das pessoas que não se enquadra na referida categoria (mãe, claro!)... Mas é cada leseira boa, doce, faz tanto sentido às vidas dessa qualidade de gente... Coisa de mãe é não querer que a criança se mele depois que está toda pronta para ir ao aniversário do colega, é querer que o cabelo dele (a) esteja sempre penteadinho (missão impossível!), é não querer que ele fique ao relento (essa é nova!!!), pra não pegar sereno, é querer que ele diga "bom dia" sempre, pra mostrar o quanto a criança é educada (ou o quanto você é uma mãe eficiente?). Coisa de mãe é ler sobre educação infantil, é perambular pelas trinta escolas da cidade, aprender o que é socioconstrutivismo, é voltar a pintar, a brincar com massinha de modelar, a usar sucata... Coisa de mãe é tudo isso... E olha que está só começando...

Filhos, melhor tê-los!

POEMA ENJOADINHO Vinícius de Morais Filhos...Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-lo? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como o queremos! Banho de mar Diz que é um porrete... Cônjuge voa Transpõe o espaço Engole água Fica salgada Se iodifica Depois, que boa Que morenaço Que a esposa fica! Resultado: filho. E então começa A aporrinhação: Cocô está branco Cocô está preto Bebe amoníaco Comeu botão. Filho? Filhos Melhor não tê-los Noites de insônia Cãs prematuras Prantos convulsos Meu Deus, salvai-o! Filhos são o demo Melhor não tê-los... Mas se não os temos Como sabê-los? Como saber Que macieza Nos seus cabelos Que cheiro morno Na sua carne Que gosto doce Na sua boca! Chupam gilete Bebem xampu Ateiam fogo No quarteirão Porém, que coisa Que coisa louca Que coisa linda Que os filhos são! (Antologia Poética)