sexta-feira, 9 de maio de 2008

Gostaria de saber se aí tem mangueira...

A escolha da primeira escola para os filhos não deve ser fácil para ninguém... Aqui em casa, acho que foi um pouco mais difícil... Sempre fui aquela que se preocupa com o macro; o pai, que ocorre de ser também meu marido, sempre foi aquele dos mííínimos detalhes, se é que vocês me entendem... Vou explicar: ele é engenheiro elétrico. Quando terminávamos de visitar cada uma das escolas que tivemos a chance de conhecer (cerca de 15), vinha a frase: "Pontos positivos (eu sempre começava): 'a proposta pedagógica (quando era o caso), o espaço físico' e por aí vai; Pontos negativos (em geral, era a vez dele): 'tinha um fio solto acessível a qualquer criança, você viu aquela escada?" Até aí, tudo bem. Um belo dia de novembro, em uma das visitas, ele disparou: "Por que toda escola tem uma mangueira, hein?" Demorei um pouco para entender do que ele estava falando. Mangueira? Que mangueira? Foi quando ele explicou que toda escola que a gente visitava tinha uma mangueira no parque. É, uma mangueira, aquela árvore que dá manga e uma sombra maravilhosa... A princípio, não entendi nada. Marcelo - o nome do pai de João Marcelo, meu filho (haja criatividade) - morou em casa a vida inteira, lá em Casa Amarela. Se tem uma coisa que não falta naquela casa é mangueira! E o homem estava preocupado com as mangueiras das escolas. Mas ele não se fez de rogado e me deixou em estado deplorável: "Estou pensando na segurança de João Marcelo. Se uma manga cai na cabeça de um desses meninos, acabou, morre na hora". E eu me perguntei: "Como não pensei nisso antes?" Agora tínhamos mais um ponto negativo nas avaliações das escolas: a bendita mangueira. Podemos garantir, com conhecimento de causa: todas as escolas que visitamos tinha lá a majestosa mangueira. Imponente, como a desafiar-nos a matricular João Marcelo. Ela parecia olhar pra mim com um certo desprezo e pra Marcelo... com deboche. Entrávamos no carro e o primeiro ponto negativo era a mangueira. Ironicamente, manga é a fruta preferida dele. Confesso que já estava meio descrente de que conseguiríamos matricular João Marcelo para o início de 2008. Não chegávamos a um consenso. Até que fomos visitar a última escola da lista. Todos nossos amigos a haviam apontado como uma das melhores do Recife. Só que ela fica longe pra gente. Pense numa contramão! Mas, sabe como é: mãe é mãe, pai é pai... Educação é tudo que a classe média trabalhadora pode oferecer aos seus filhos... Enfim, todo esse discurso que vocês já conhecem. Confesso que minha vontade era chegar à portaria da escola e perguntar: "Gostaria de saber se aí tem mangueira..." Pra não perder tempo... Tempo é dinheiro e minha paciência estava para se esgotar a qualquer momento. Resisti. Entramos, conversamos com a coordenadora, voltei às minhas preocupações pedagógicas. Ficamos impressionados. Chegou a hora de conhecer as dependências da escola. Fiquei torcendo para não encontrar a mangueira de novo, aquela dos meus pesadelos mais recentes. Mas não deu outra. Ela estava lá, impassível. Não consegui ver mais nada. Olhei pra ele e disse: "Aqui também tem mangueira, meu bem" (sabe aquele 'meu bem' enfático, aquele 'meu bem' que queria dizer que ia esganá-lo ou mandar derrubar a mangueira...) Ele respondeu: "Pelo menos, aqui o pessoal é inteligente. Colocou uma rede (dessas que a gente coloca nas janelas dos apartamentos para evitar acidentes com as crianças)". Olhei de novo e vi. Nunca fiquei tão feliz por ver uma rede. Ela protegia o parque das eventuais mangas que caíssem sem prejudicar o ambiente, mantendo-o arborizado e agradável. Sorri aliviada.

7 comentários:

Christianne Alcântara disse...

Qualquer engenheiro que se preze ia notar o perigo que a mangueira representava. E tanto era importante a preocupação que a escola de João Marcelo hoje tem rede de proteção (até rimou). E também pra esclarecer os fatos, na mangueira de Casa Amarela, ninguém brincava embaixo nas épocas onde os galhos comportavam aqueles cachos com mangas digamos, no mí­nimo, exageradas. Coisa de pai...
Saulo.

Christianne Alcântara disse...

Só para esclarecer: Saulo é irmão de Marcelo. Ainda por cima é engenheiro... Não estava conseguindo postar o comentário. Então, fiz questão de postar por ele.

Unknown disse...

Pôxa, fiquei contabilizando mentalmente quantas mangueiras existem no parquinho da escola dos meninos... Nunca tinha pensado nisso! Nem sei se tem rede! Se eles fossem menores, esse blog já iria me deixar paranóica ! Mas como eles já são cabeça-dura o bastante - em todos os sentidos MESMO - acho que essa preocupação não me abala mais - a não ser que seu digníssimo marido resolva calcular o impacto que pode causar a explosão de uma manga na cabeça de um infeliz, com base na velocidade da queda e da força da gravidade, etc, etc... Então, ele nem ouse !!!
Bj, querida, e obg pela referência carinhosa!
Natália

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

Coisa de irmao proteger outro irmao. Coisa pouco criativa também. Coisa também de engenheiro.
Cristina

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

Sim, ia me esquecendo! Aqui na Espanha nao tem mangueiras....!!!! Aquelas que dao manga mesmo, viu!!! Que alívio! Um problema a menos.

(A estrangeira) Cristina Alcântara disse...

É coisa de mae pensar num terreno de 1 hectare e achar que ainda precisa de mais espaço para o filho brincar. AH! Curiosidade: No terreno tem mangueiras?

Unknown disse...

Já pensou se fosse uma jaqueira?? e o perigo latente que é levar uma criança no parque da jaqueira?? se multiplicarmos o peso da jaca com a aceleraçao da gravidade (só para registrar q tb sou engenheiro) - Vamos colocar rede no parque da jaqueira !!!