segunda-feira, 7 de julho de 2008

OUTRO PARTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

PESSOAL, ESTOU À BEIRA DE UM NOVO PARTO!!! ESTOU PARINDO O MESMO BLOG COISA DE MÃE, SÓ QUE AGORA ELE É UM FILHO DIFERENTE. ESTÁ MAIS CRESCIDO, COM NOVAS CARACTERÍSTICAS, MAIS DICAS, SERVIÇOS E ENTREVISTAS. TUDO ISSO PARA QUE NÓS - MÃES, PAIS, FILHOS (AS), FAMÍLIA, FAMÍLIA - POSSAMOS NOS COMPREENDER UM POUCO MELHOR (OU NÃO...). A PARTIR DE HOJE, SE VOCÊ QUISER SABER MAIS COISA DE MÃE, ACESSE O BLOG http://www.coisademae.blog.br/. LÁ PELAS 17H, VOCÊS PODERÃO LER UMA ENTREVISTA SOBRE ALERGIA COM O MÉDICO EMANUEL SARINHO, MESTRE EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E DOUTOR EM MEDICINA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO! A GENTE SE VÊ POR LÁ!!!

domingo, 6 de julho de 2008

Estratégia de pai

Descobri a estratégia usada pelo pai para convencer o filho a cortar o cabelo. Bom, como o blog é Coisa de mãe, tenho que contar... O pai propôs fazer uma surpresa para mim, euzinha, a mãe. Foi quando João Marcelo ficou animado e topou. Entretanto, na hora do corte, o escândalo foi o de sempre. Fiquei tão orgulhosa quanto à estratégia que tinha que registrar. Além do mais, o pai foi tão humilde ao confessar que mereceu mais uma postagem no blog. Afinal, pai também tem lá suas artimanhas...

sábado, 5 de julho de 2008

Não basta ser pai...

... tem que conseguir fazer com que o xuxuzinho corte o cabelo. Pois é, o pai conseguiu fazer com que João Marcelo cortasse o cabelo. Devo reconhecer que é uma vitória. Nem todo pai se dispõe a ouvir menino (a) fazer e-s-c-â-d-a-l-o na hora do bendito corte. O cabeleireiro ainda pegando os apetrechos e o (a) menino (a) dizendo: Tá doendo! E o chororô? Gente, não dá pra descrever. Da última vez que tentei cortar o cabelo de João Marcelo, passei duas semanas com o choro ecoando no meu ouvido. E o risco?!A criança não pára de se mexer. Enquanto isso, o cabeleireiro está com aquela tesoura enorme pra lá e pra cá! Pois é, lembrando aquela famosa frase publicitária (sem intenção de merchandising): Não basta ser pai, tem que participar!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Emergência pediátrica

Esse período de chuva é de enlouquecer qualquer mãe. As crianças adoecem o tempo todo. É virose, é resfriado, é otite e por aí vai. Nariz não pára de escorrer. E vem a tosse e tantos outros sintomas que começam a preocupar. João Marcelo começou a se queixar do ouvido. Meu ouvido tá doendo, mamãe. Fiz aquele teste de apertar a região e ele gritou. Bom, acabamos indo parar na emergência pediátrica de um dos bons hospitais do Recife. Honestamente, quando penso que tenho que ir a uma dessas emergências, já fico nervosa. Porque sempre achei que em emergência deve aparecer de tudo, e meu raciocínio é de que só médicos experientes podem lidar com qualquer tipo de diagnóstico. Entretanto, o meu raciocínio deve estar completamente equivocado porque, em todas as emergências pediátricas do Recife, só colocam aqueles médicos que acabaram de sair da residência, recém-formados. Os homens são imberbes, mal olham para as crianças, e as mulheres parecem nunca ter visto uma... Sei que está parecendo que eu tenho preconceito com jovens profissionais. Mas não é isso. Há muitos jovens profissionais competentes, mas a maioria ainda não tem a experiência necessária para atuar em uma emergência pediátrica. Vejam se eu não tenho razão. João Marcelo reclamando de dor de ouvido, vou parar numa dessas emergências da vida, deparo-me com uma médica. O que é que ele tem? Nariz não pára de escorrer, tosse, está reclamando de dor de ouvido, não comeu nada hoje... Vamos examinar. Quando ela se aproxima, ele começa a chorar. Ela levanta os braços, como quem diz: Assim não dá. Eu penso: Por que escolheu pediatria, miserável? Tento confortá-lo, mostro algo para distraí-lo. Ela vem de novo. O menino abre o berreiro. Ela faz o exame relâmpago e diz num tom desagradável, de quem quer se ver livre do chororô: Pronto! Acho que ela queria mesmo era dizer: Pronto, menino, pode parar com o berreiro! Mas eu estava lá, olhando para ela, firme, e ela não era doida a esse ponto. Ela diz: Ele não tem nada no ouvido. Vamos passar o Polaramine - um antialérgico para essa tosse. Claro, conheço o antialérgico. Só que o alergologista dele - menciono o nome - não quer que ele use esse antialérgico em qualquer situação porque João Marcelo é alérgico à proteína do leite de vaca. Quando há algum episódio em que ele tem contato com o leite de vaca, o Polaramine é utilizado e o médico quer evitar o uso em outras situações para que não se crie uma resistência e o Polaramine não atue tão bem quanto deveria. Resposta: A senhora é quem sabe. Se o doutor - menciona o nome - disse, eu acredito. Até porque ele tem mais experiência do que eu. Tive vontade de dizer: Sem sombra de dúvida. Mas calei. Esperei que ela receitasse outro antialérgico diante da sua própria reflexão, mas a moça também se calou e eu percebi que havia um impasse. Ela esperava a minha decisão. Fiquei pensando: será que não existe outro antialérgico no mundo ou ela simplesmente desconhece qualquer outro? Cheguei à conclusão de que a segunda alternativa era mais provável e me resignei. Eu tenho Polaramine em casa. Mas a médica fez questão de concluir o trabalho dela. Escreveu na receita: 2,5ml de manhã, 2,5ml à noite. Peguei a receita, saí do hospital e, ainda no meio da rua, marquei uma consulta com o alergologista do meu filho, implorando para a secretária me encaixar no dia seguinte. Nem que eu precisasse esperar horas. Ela se comoveu. Detalhe: o médico, ao examiná-lo, disse que ele estava com um princípio de otite, receitou antibiótico e (pasmem!) outro antialérgico. Confirmei minha suspeita: Polaramine era o único antialérgico que a doutora conhecia...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Saudades da primeira viagem

Ontem, meu filho viu um bebê. Até então, vinha dizendo que não queria um irmão... Mas viu um bebê e vocês sabem como isso pode ser emocionante. Para uma criança de dois anos e meio é a visão do paraíso: um boneco, um brinquedo... Olhou pra mim e disse: Quero um desse. Como se estivesse escolhendo um dos seus carrinhos nas lojas de brinquedo. Ri. Ele repetiu: Quero um desse, mamãe... Lembrei-me de tudo, como num filme. Os nove meses de gravidez, o parto, os primeiros três meses, as rachaduras no peito, as alegrias diárias, as descobertas a cada segundo... Senti saudades especialmente do dia em que descobri o meu amor por meu filho... É, porque todo mundo acha que a criança nasce e a gente já ama à primeira vista. Claro que acredito que algumas mães possam ter sentido isso no momento em que viram o (a) filho (a). Comigo foi diferente, foi um processo... As primeiras semanas depois do parto não foram fáceis. Os primeiros 15 dias foram particularmente estressantes para mim... Recuperando-me de uma cesariana, amamentando, sem hora pra dormir... Minha rotina de cabeça pra baixo. Minha vida havia mudado completamente. No pós-parto, lembrei-me muito de uma amiga, Natália Câmara. Ela foi a única que teve coragem de me prevenir: Chris, o pessoal vê tudo de forma muito romântica... Vai visitar a gente no hospital e quer que a gente esteja linda, maravilhosa, enlevada com a maternidade... Não é bem assim. Tem dia que a gente tem vontade de jogar o menino pela janela. Ela tinha razão. É uma visão romântica essa de que a gente já está amando ser mãe logo que a criança nasce. Essa descoberta vem com o tempo. A gente já pode até estar adorando ser mãe, mas ainda não sabe, até que chega o dia da grande descoberta. Não me lembro da data exatamente, mas João Marcelo tinha mais de um mês, eu o estava amamentando e, de repente, comecei a sentir as lágrimas rolando... Eu estava completamente enlevada... Por que eu estava chorando mesmo? Olhei aquela criança linda, indefesa, mamando e entendi: eu acabava de encontrar o verdadeiro amor, aquele incondicional, que a gente passa a vida procurando e só encontra no amor por um filho. Eu amava aquela criança com toda a intensidade... Impossível descrever aquele momento, mas está registrado na minha memória. Ontem, quando vi o bebê, senti saudades dessa primeira viagem...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Um bicho chamado trabalho

Dou aulas à noite. Hoje, quando me despedi de João Marcelo, ele pediu: Vai não, mamãe, fica comigo (pela primeira vez, falou certo. Ele vinha dizendo "fica com mim")... Eu expliquei que precisava trabalhar, não podia faltar. Não se fez de rogado. Olhou pra mim e disse: Vai não, mamãe, lá tem bicho!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

De volta pra casa

Deixei João Marcelo às 7h40 na escola. Às 9h15, já no trabalho, recebo um telefonema da coordenadora: "Ele está febril e chamando você o tempo todo"... Olhei pra minha mesa cheia de papel e avaliei as pendências. Eram inúmeras. Liguei para o pai que se dispôs a ir buscá-lo. Mas meu lado mãe falou mais alto que o lado profissional. Não, eu vou. Ele está me chamando. Parei tudo e fiz o percurso de 25 minutos até a escola. Ia pensando nos outros 25 minutos até a nossa casa, chegar, tirar a temperatura, dar o remédio, a despedida... A despedida é sempre longa quando ele está dengoso. Depois, mais dez minutos de casa para o trabalho. Calculei cerca de uma hora e meia de atraso. Mas já estava no carro... Cheguei à escola e ele me abraçou: Vamos pra casa, vamos? Vamos, filho. Entramos no carro. Ele olhou pra mim aconchegado pelo meu abraço e disse: Amo tu, mamãe. Também te amo, filho. Foi então que entendi: o único tempo que não se recupera é aquele que não disponibilizamos para os nossos filhos.

Pai sabe o que é esfíncter

Meu marido, o pai, disse que todo mundo sabe o que é esfíncter. Com delicadeza, disse que pegou mal o fato de eu, uma jornalista, não saber o que é esfíncter. Pois é, não conhecia mesmo a nomenclatura técnica... Também todo mundo acha que a maioria dos (as) jornalistas é burra, mesmo. Só estou ajudando a confirmar a tese (mil perdões à categoria). Agora, cá pra nós, já pensou se o pai estivesse escalado para fazer a passagem das fraldas para as cuecas? Posso até imaginar a técnica usada: "João Marcelo, você está fazendo xixi por todo canto da casa porque não consegue controlar o seu esfíncter". Outra, sem maiores explicações: "João Marcelo, assim não dá. Controle o seu esfíncter!" Desculpem pela ignorância. As desculpas são mais que necessárias agora que descobri que todos sabem o que é esfíncter... Pois é, blog não serve nem para enriquecer vocabulário...

domingo, 29 de junho de 2008

Controlando o esfíncter...

Se vocês acham que ser mãe é só trocar fraldas, viver pra lá e pra cá dentro de casa, administrando menino, e fofocar com outras mães as últimas do xuxuzinho... Estão enganados (as)! Mãe também é cultura, saúde, sabedoria... Explico: Estamos na fase de tentar tirar a fralda de João Marcelo. Não é fácil para ninguém, diga-se de passagem. Bota cueca. O menino se esquece de pedir para ir ao banheiro, faz xixi ali mesmo, no meio da sala. Limpa. Daqui a pouco você vê o xuxuzinho bem quietinho, encostado no sofá, meio desolado. Está triste, filho? Não, mãe. Está cansado? Não... Você não está com febre... Ele ri e diz: Fez cocô. Claro! Toda aquela concentração, só podia estar fazendo cocô. É lógico que o menino não estava fazendo nenhuma meditação transcendental! Como eu não havia pensado nisso antes? Foi aí que entrou a minha sabedoria. Sabe como é, pra ficar sabida, a gente precisa ser meio burra... Fui pesquisar um pouco sobre a retirada das fraldas. Vasta literatura! Mas eu só queria uma dica, uma dicazinha de nada. E nada. Só aquelas coisas meio prontas: toda criança tem seu tempo; não pressione a criança, o resultado pode ser o inverso... Isso que todas nós sabemos. Mas eu não queria nada desse blá blá blá... Eu queria uma dica de como facilitar o ritual de passagem do menino com fralda para o menino de cueca. Só isso. Entretanto, nessa pesquisa, encontrei uma informação que eu não conhecia cientificamente. É claro que eu sabia que nós nos controlamos para não sair fazendo xixi e cocô por aí... Mas não sabia o detalhe... Foi quando descobri o "esfíncter". Mãe descobre de um tudo. Esfíncter, para quem não sabe (olha aí, blog também ajuda a enriquecer o vocabulário), é um músculo que "controla o grau de amplitude de um determinado orifício". Entre outros, o ser humano tem o esfíncter uretral e o anal. Pronto. Agora eu já sabia o que João Marcelo tinha que controlar. Só faltava descobrir como... Discretamente, comecei a observar o tempo que ele levava entre um xixi e outro. Confesso que não deu pra avaliar a freqüência porque ele controla o esfíncter que é uma beleza. Também, quando libera, é de vez! Eu precisava de um sinal. Ele deu. Depois de um certo tempo sem fazer xixi, no meio da brincadeira, começava a segurar a pitoca. Filho, quer fazer xixi? Resposta óbvia: Não. Entendi, depois de algumas observações acuradas, que ele não queria parar a brincadeira e perder tempo fazendo xixi. Tinha todo o sentido. O negócio era continuar brincando. Então lembrei a brincadeira da estátua. A gente grita: Estátua! E fica todo mundo parado. João Marcelo é o único que pode correr, andar, pular e... até fazer xixi! A gente só volta ao normal quando ele faz xixi. Ele acha o máximo! Tem a sensação de que não perdeu nada, imagino. Nós, que ficamos esperando imóveis, torcemos para que ele acabe logo o serviço. Aí ele volta e nós saímos da posição de estátua. Nós agradecemos e o esfíncter uretral dele também... Agora só preciso descobrir a mágica para o outro esfíncter. Mas isso virá... Com o tempo, como diz a literatura, os (as) psicólogos (as), os pedagogos (as)...

sábado, 28 de junho de 2008

Limites para quem precisa...

...E todo mundo precisa. As crianças precisam. Até a minha! Tão linda, tão meiga, tão dengosa... Quem diria que ele, aos 2 anos e meio, estaria me tirando do sério... Achei que isso só viria na pré-adolescência, adolescência, sei lá! Mas, não! Filho, vamos escovar os dentes! Não vou! Não quero! Depois da alimentação, você precisa escovar os dentes para não criar bichinho... Eu quero criar bichinho... Não escovo! Dá para acreditar? Mas escova, sim. Primeiro tento de todas as formas lúdicas... Depois, na base da conversa. Por último, escova porque é falta de higiene não escovar e, se eu deixar, daqui a pouco ele não quer tomar banho, não quer dormir, não quer ajudar a guardar os brinquedos, não quer nada... Cresce louco, completamente sem limite. E eu não passei nove meses grávida, pari e amamentei para meu filho crescer desequilibrado... Colocar filho no mundo é um compromisso social. Temos, sim, responsabilidade com o tipo de ser humano em que eles se tornam. Já ouvi mãe dizendo: "É tão difícil dizer não..." Discordo em gênero, número e grau. É muto fácil dizer não. Basta que se tenha a convicção de que esse "não" é para o bem da criança. A partir dessa ótica, fica tão fácil quanto dizer "sim". Se a frase fosse: "Dá tanto trabalho dizer não...", aí eu concordaria. Dá mesmo trabalho. Educar é trabalhoso, cansa, desgasta, mas os resultados compensam. Só não acredito na educação à base de tapa, safanões e pisa. Bater não educa, amedronta, apavora. Como aquela pessoa que existe para me proteger é a que me agride? Eles (as) devem pensar, desprotegidos (as). Agora, realmente, umas lapadas dão menos trabalho do que as tentativas lúdicas, as conversas e o exercício da autoridade... O exercício da força sempre foi mais simples de se praticar. Principalmente, quando estamos falando de um adulto para com uma criança. Ora, vejam: meu filho tem 93cm de altura, eu tenho 1,55m, meu marido 1,85m. Até eu, baixinha como sou, devo parecer uma gigante para meu filhote. O pai, nem se fala! Ora, vão brigar com gente do tamanho de vocês... Arrumem um tempinho e, no lugar de bater, conversem, ouçam. Talvez assim vocês descubram quem mais, além das crianças, precisa de limites...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sobre São João, fogos e medo

Descobri neste São João como os adultos têm medo... Do medo. João Marcelo se assustou bastante com os fogos de São João. Para quem não é familiarizado com a festa junina, especialmente nos dias 23 e 24 de junho, no Nordeste, não faltam fogos de artifício. É um espetáculo de luz e... de barulho, muito barulho. Agora mesmo posso ouvir pela janela os fogos que comemoram o nascimento de João Batista, São João. Acontece que João Marcelo ficou assustado com os estrondos provocados pela tradição junina. Estávamos em Gravatá, uma cidade serrana a 85km do Recife, capital pernambucana. A família reunida em grande parte e em revezamento... Ele, então, fez a confissão pública: "Tô com medo dos fogos..." E, nos meus braços, não parava de repetir para tios, tias, avôs: "Tô com medo dos fogos..." E se agarrava, com medo (quase pavor), ao meu pescoço. Então, as pessoas tentavam consolá-lo, dizendo, naturalmente, que não era para ter medo, que não ia acontecer nada com ele. Eu disse que estávamos todos ali para protegê-lo etc e tal... Em um determinado momento, estimulado por esses apoios, ele pareceu superar o medo e gostou muito quando tia Camille acendeu uma árvorde de natal (é o nome do fogo - as luzes sobem em um formato parecido com a árvore de natal). Bateu palmas e gritou: "Viva São João!" Chegou até a pisar nos "traques de massa" (outro que faz um barulho insistente)... Mas recuou. Voltou a sentir medo e a pedir a todos que parassem de soltar fogos, por favor... O fato é que todos estavam concentrados no medo e preocupados com o fato de que ele tinha que se acostumar com o barulho... Eu, entretanto, confesso, achei maravilhoso que meu filho pudesse expressar seu medo. Mostrar-se seguro o suficiente para dizer: "Estou com medo". Da sua forma infantil, queria se afastar daquilo que o amedrontava. Olhou para mim e disse: "Mamãe, vamos se esconder dos fogos, vamos?" Eu sei o que alguns (as) de vocês vão dizer: "É Coisa de mãe ver por esse lado. Assim, ele vai crescer medroso..." Será? Será que o primeiro passo para superarmos o medo não é identificá-lo? Assumi-lo? Por que quando até mesmo as crianças dizem abertamente que estão com medo tratamos logo de minimizá-lo? Porque o medo não é aceito com naturalidade. Nós sempre dizemos: "Não tenha medo..." Por que não dizemos: "Você tem todas as razões para estar com medo..."? Porque em geral não nos colocamos no lugar do Outro. Não estabelecemos uma relação de empatia. Mais ou menos assim: "Se eu tivesse dois anos e meio de idade, eu também estaria com medo desses fogos, desse barulho, desse caos... Então, o medo dele não é infundado..." Passei os nove meses da minha gravidez me preparando para um parto normal. Engordei apenas 9kg, fiz Yoga, hidroginástica... Na hora H, João Marcelo estava laçado. Resultado: cesariana. As pessoas me diziam (até as que nunca tiveram nenê, homens, inclusive): "Não tenha medo... É tranqüilo!" Imaginem como esse frase me confortava! Entretanto, ainda acho que o medo feminino é visto com uma certa complacência. O medo dos homens, esse é encarado com total intolerância. Talvez aquela herança cultural machista... João Marcelo é um menino. Provavelmente não por coincidência, mas por um movimento inconsciente e coletivo, os tios e avôs tenham insistido no discurso: "Não tenha medo! Os fogos não fazem medo, não!" Entendo a tentativa deles, não era uma inadequação... Era uma incompreensão, apenas. Talvez porque João Marcelo tenha verbalizado de forma tão repetitiva seu medo que nos sentimos todos desconfortáveis e impotentes. Inclusive, eu... Não é Coisa de mãe querer proteger e apagar qualquer sinal de sentimento negativo que um filho expresse? Senti-me tão impotente naquele abraço apertado e ligeiramente trêmulo... Queria tanto que ele parasse de ter medo... Ao mesmo tempo, estava tão orgulhosa porque meu filho é capaz de expressar seus sentimentos com tanta segurança e clareza... Que João Marcelo possa crescer falando dos seus medos... Acredito piamente, sem medo de errar, por exemplo, que assim ele será um adulto mais corajoso e forte. Essa é minha oração a São João - o santo que protege meu filho - nesta noite linda em que os fogos não param de piscar e de fazer barulho, muito barulho...

sábado, 21 de junho de 2008

Ainda sobre o sono...

Vou ter que esclarecer algumas questões da última postagem porque recebi e-mails com várias dúvidas... Quando eu disse que João Marcelo dorme comigo não fui clara. Eu quis dizer que o coloco para dormir toda noite. É isso. Ele não dorme a noite inteira comigo. Quanto a isso, somos rígidos. Desde sempre, eu o coloco para dormir no quarto dele, no sofá-cama, e depois o coloco no berço, onde ele dorme a noite inteira, sono profundo. Não dorme na nossa cama. Nunca, nem quando era bebê, dormia na nossa cama. Desde os dois meses de idade, nós o tiramos do nosso quarto e o deixamos no cantinho dele. Quanto a esses aspectos, concordo com os estudiosos da área: a criança tem que ter sua individualidade, seu canto, reconhecê-lo como seu espaço. Para os pais, é importante também essa privacidade. Corrijo: é imprescindível. Na postagem anterior eu estava me referindo a colocá-lo para dormir. Era desse momento sagrado que estava falando...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Aquele sagrado momento do sono...

Desde que nasceu, João Marcelo dorme comigo. Os psicólogos, pediatras e teóricos em geral que falam sobre relações entre pais e filhos devem estar de orelha em pé. Já li vasta literatura sobre a importância de a criança dormir só. "É importante para a autonomia delas", "crescerão mais seguras" e tudo o mais. Tenho certeza de que são pessoas com uma bagagem de conhecimento bastante respeitável e que não levantam essa bandeira aleatoriamente... Entretanto, eu, mera mortal, uma simples mãe (e já dizia a música que "mãe é mãe, vaca é vaca") ignoro completamente essa teoria. Talvez por mero egoísmo mesmo... E, então, vocês vão dizer: "Não é Coisa de mãe ser egoísta!" Quanto romantismo! Mãe é egoísta também! Confesso: não abro mão de colocar meu filho para dormir. É o momento mais calmo do dia: ele já tomou banho, já comeu, escovou os dentes, está vestido com aqueles pijaminhas lindos e macios e olha pra mim com o olhinho já miúdo e diz: "Quer domir com tu, mamãe...". E vocês acham que, para ser adequada, eu devo dizer: "Não, filho, assim você não vai crescer seguro..." Tenham paciência. Desculpem se estou sendo politicamente incorreta, mas é isso mesmo: Tenham paciência! Nem pensar! Não vou abrir mão desse momento sagraaaaaaaado. Converso com ele, brinco, conto historinhas e dou limite: "Agora é hora de dormir. Vamos ficar quietinhos". Quando João Marcelo tinha uns nove meses, Marcelo comprou o livro "Nana, nenê - como resolver o problema da insônia do seu filho". Na verdade, João Marcelo, a partir dos três meses, já dormia a noite inteira (das 21h às 5h do dia seguinte), mas lá pelos nove meses começaram a aparecer os dentes e ele queria mamar para coçar a gengiva. Estranhamos, claro, e a pediatra dele - excelente, diga-se de passagem - conversou longamente sobre a insônia do meu gordo e disse, nem indicando nem sugerindo, apenas citando: "Há pessoas que usam esse livro e se dão bem... Se vocês conseguirem..." Compramos mais por curiosidade. Lemos o primeiro capítulo, o segundo - "Não o façam dormir, ele tem de conseguir sozinho" - e fechamos o livro. Não funcionaria comigo... Nunca. Tem um quadro que diz o que não devemos fazer para a criança dormir. Com alguns casos, eu até concordo, como dar uma volta de carro com ele ou deixá-lo andar de um lado para outro até cair exausto, mas essa história de não cantar para ele, não embalá-lo no berço ou no colo ou sequer dar-lhe a mão... Definitivamente, não me convence. João Marcelo dorme bem, a noite inteira desde sempre - com exceção desse período da dentição - e eu sempre cantei para ele, sempre fiz carinho e o embalei. Ele sabe que está na hora de dormir, já conhece sua rotina e o momento do sono é sagrado... pra nós dois. Pelo menos, por enquanto. Conclusão: não há fórmulas mesmo. A regra é construir uma relação saudável, com amor e respeito. E pasmem: às vezes é bom se insurgir contra esses manuais que insistem em tentar nos ensinar a criar nossos filhos. Se isso é egoísmo, então lembrem-se: Mãe também é egoísta.

domingo, 15 de junho de 2008

Com medo da dor

Há três meses, estamos às voltas com o medo da dor... A dor que João Marcelo vai sentir ao se submeter ao sétimo exame de sangue (pela minhas contas, é o sétimo) durante seus dois anos e quase seis meses de vida. Parece estranho "medo da dor". A princípio me pareceu também. Mas é isso mesmo... Temos medo do que essa dor pode representar, ou melhor, do que já representa. Não podemos passar perto de algum laboratório ou hospital que ele já aponta o lugar e relata: "Chorei muito aqui, mamãe..." Ele reconhece os lugares... Quando vamos à pediatra, como consulta de rotina, é um estresse. Ele odeia a palavra "médico"... Pra tomar as duas gotinhas da campanha de vacinação contra a poliomielite (ou pólio) foi outro estresse... Ele disse que as duas gotinhas doeram muiiiiiiito! Vou contextualizar. Acho que ainda não falei nesse assunto. João Marcelo é alérgico à proteína do leite de vaca. Ele não pode ouvir nem o "muuuu" da vaquinha, presente no universo lúdico da maioria das crianças... Devido à alergia, ele costuma ir a pediatra, alergologista e gastropediatra com mais freqüência que as demais crianças (imagino...) Houve também alguns acidentes em que ele teve contato com leite de vaca e precisou ir ao hospital. Preste atenção: contato, não necessariamente ingestão. Sentiu o drama? A alergia dele é daquelas... Então, como eu ia dizendo, estamos às voltas com o medo da dor que ele, com certeza, sentirá. Então, este final de semana, resolvi refletir sobre isso e cheguei à seguinte conclusão: podemos até adiá-la, mas não evitá-la. João Marcelo, até para ficar melhor, terá que passar por essa dor. Ela é realmente inevitável. Ponto final. Como outras dores que ele sentirá e que nós, mãe e pai, contemplaremos impotentes. Há uma frase de Nietzche: "O que não pode matar-me, torna-me forte". Deve ser um consolo. Mas agora me ocorreu: acho que o medo que sentimos - mãe e pai - não é da dor de João Marcelo. É da nossa própria, ao vê-lo indefeso, gritando de medo, de dor e de nervosismo... Talvez todo esse adiamento tenha sido para evitar nossa própria dor... Bom, não poderemos mais postergar: João Marcelo fará esse exame amanhã.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Mães, filhas e uma viagem de metrô

Sábado, 9h30. Saí pela Avenida Paulista rumo à Estação da Consolação. Como boa turista, queria conhecer o Museu de Língua Portuguesa, na Estação da Luz. Logo na fila para comprar o bilhete, encontrei a avó, a mãe, a filha e o filho. De repente, ouvi quando a filha disparou: "Você tá ficando muito chata, mamãe!" Tinha uns 14 anos, no máximo. A mãe arregalou os olhos, mas ficou paralizada. Não balbuciou uma palavra sequer. A menina, louca para assumir sua rebeldia típica da adolescência, falou com tal veemência que eu me choquei também. Inevitavelmente, fui mobilizada pela empatia e imaginei João Marcelo daqui a alguns anos dizendo a mesma frase. Fiquei comovida. Mesmo agora, contando, fico emocionada. Talvez o texto não traduza a força com que a filha pronunciou tais palavras aparentemente tolas, vindas de uma adolescente. Entretanto, na forma, a garota foi impiedosa. Lembrei-me de mim, quando adolescente. Lembrei-me de situações em que fui impiedosa com minha mãe. Talvez por isso tenha sentido tão intensamente as palavras. Daí por diante, não consegui parar de ouvir. Não me condenem: além da empatia, da curiosidade natural do ser humano, eu precisava de material para o blog... A avó, mãe da mãe, compôs o quadro belíssimamente. Foi em defesa da sua filha, ou seja, da mãe. Quem poderia condená-la? Afinal não é isso que as mães fazem: correm em defesa dos filhos (as)? "Sua boca é uma peixeira, fulana! Corta, dilacera..." Disparou com a mesma veemência que a garota. O silêncio da mãe, preenchido pelas palavras da avó, deu-me um certo conforto. A mãe continuou silenciosa e como aquele silêncio era eloqüente... Entramos no metrô, íamos na mesma direção. A menina respondeu também com o silêncio. Eu queria falar, claro! Dizer que ela um dia seria mãe e entenderia o que nós estávamos sentindo - eu, a mãe e a avó. Sempre me disseram isso quando eu era uma adolescente, mas só vim entender o verdadeiro sentido dessas palavras depois que tive João Marcelo, embora ainda não as tenha ouvido. Só de imaginar em um dia chegar a ouvi-las, já compreendo. A avó não parou ali. Ao longo da viagem, encostou-se junto à garota, em pé, e foi falando: "Fulana, você afasta as pessoas. Você quer ficar só? É isso que você quer? Ninguém quer estar perto de uma pessoa agressiva assim..." A menina, calada. Só ouvia, mas já dava para perceber a vergonha, escondida pela cabeça baixa. A mãe estava com os olhos marejados, mas não derramou a lágrima que insistia em nebular sua visão. Estava firme, apoiada no filho mais novo. O filho, de uns sete anos, era só carinhos, abraçado com a mãe, ciente de que ela precisava do seu apoio naquele momento. Ouvira tudo e perguntara a avó, com inocência: "O que é peixeira?" A avó explicara, didática. Tive vontade de perguntar: "A senhora é do Nordeste?" Reprimi meus impulsos. Peixeira é uma das 2.500 palavras e expressões que o escritor Fred Navarro classificou como nordestina, em uma pesquisa interessante que se transformou no livro Assim falava Lampião. O facão é curto e afiado, utilizado para cortar peixe. A avó explicou com a propriedade de quem entendia do que falava... E falava sem sotaque. Quer dizer, com o meu sotaque... Devia ser uma das tantas nordestinas moradoras de São Paulo... A menina estava cabisbaixa. A mãe, profundamente triste. De vez em quando, olhava para menina, quando esta se mostrava distraída. Eu não conseguia parar de observar sua reação. O menino voltava a abraçá-la, como que a defendê-la da peixeira da irmã... A avó parou o sermão e a menina sentou-se afastada. Foi quando anunciaram: Estação São Bento. A mãe perguntou: "É aqui, mãe?" A avó respondeu, distraída: "São Bento? É..." Reuniram-se a avó, a mãe e o filho. Faltava a menina. De onde eu estava, podia vê-la... A mãe perguntou: "Cadê fulana?" A avó localizou a menina e chamou-a pelo nome. A menina veio, ficou atrás dos três... Tive vontade de não ir mais para o Museu e descer em São Bento, sair seguindo a família pelas ruas de São Paulo. Não fiz isso... Preferi imaginar o desfecho: A filha fitaria a mãe intensamente e pediria desculpas. Então, finalmente, a lágrima correria livremente pelo rosto jovem da mãe...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A seguir, cenas do próximo capítulo...

Amanhã, vou contar a vocês uma estória sobre três gerações de mães e filhas que presenciei no metrô de São Paulo, indo da Consolação para a Estação da Luz... Talvez corriqueira, mas cheia de Coisa de mãe...

A pausa

"A vida precisa de pausas". A frase de Carlos Drummond de Andrade é poética, mas eu vou parafraseá-lo: "Pais precisam de pausas". Precisam de pausas para não fazer nada, para ficar junto, para ficar separado. Uma pausa, qualquer que seja ela. Crianças, vamos fazer uma pausa? É importante para a mãe (que por acaso também é uma mulher), para o pai (que por acaso também é um homem, ser humano de carne e osso), para o casal, nem se fala! Agora, para as crianças, acho que essa pausa é fundamental!!! Não, não é desculpa de mãe cheia de culpa... Enfim, não é Coisa de mãe achar que é bom para as crianças que os pais se ausentem... Claro que não! Mãe sempre acha que o melhor para os filhos é que ela esteja colada neles, meio galinha e pintinhos... Mas sabe que não é? Vamos lá, dê uma pausa. Páre de girar a cabeça de um lado para o outro em tom de desaprovação. Agora leia o argumento. Obrigada, depois pode discordar à vontade. A pausa, um final de semana acompanhada ou sozinha, por exemplo, só traz coisas boas: primeiro, a saudade. Você sente, as crianças sentem. Cadê mamãe? Quando ela chega? A ausência nos ajuda a valorizar a presença, em geral. O ser humano é um pouco assim mesmo... Inclusive as crianças. A sua disponibilidade total muitas vezes não é levada em conta. Por outro lado, você também valoriza: dá um trabalho, mas é tão bom ter filhos... Segundo, a liberdade. Vocês podem se assustar com minha franqueza, mas não vou recuar: A gente perde muito da nossa liberdade depois que temos filhos. Claro. Dizer diferente seria tapar o sol com a peneira. É ótimo, mas renunciamos a algumas coisas, inclusive a muito da nossa liberdade. Terceiro, o contraditório. Mães, já ouviram a seguinte frase: "Ele (ela) estava bem até agora, mãe, mas, você chegou, ele (ela) começou a chorar - ou a se irritar, ou a ser mal educado (a) etc? Pois é, ainda temos que ouvir dessas... Então, chegamos à conclusão de que as crianças ficam bem quando não estamos presentes. Ou seja, elas também precisam de pausas (se as suas crianças já são adolescentes, vão precisar ainda mais)! Bom, essa conversa toda não é para justificar as viagens que fiz recentemente. É só pra lembrar que não precisamos estabelecer uma relação simbiótica e dependente com nossos filhos para amá-los. Pelo contrário: amá-los significa deixá-los livres e nos permitir essa liberdade também. O amor não diminui com a ausência esporádica. Pelo contrário, aumenta! Muito! Deixá-los livres, confiados a pessoas da família, por exemplo, pode ser um exercício de muito amor. Até porque não é fácil viajar e deixá-los. Com certeza, esse gesto de sair de cena pode representar bastante para a auto-estima de uma criança que começa a ter mais autonomia. E autonomia é algo que eles (elas) têm que descobrir e desenvolver desde cedo, para crescerem seguros (as), certos (as) de que são amados (as) profundamente. Pais, dêem uma pausa,,,,,,,,,,,,,,,,,

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Curtas

Segunda: dia de amenidades. João Marcelo ao se despedir hoje da professora Rosa: "Tchau, minha flor!". Ao entrar no carro com o pai, depois da escola: "Cadê minha mãe?". O pai respondeu: "Está trabalhando" Ele: "Vou ligar pra ela e dizer pra ela não trabalhar e ir pra minha casa". À noite, na hora de dormir, dirigindo-se ao pai: "Quero dormir com minha mãe, com tu e com mim" Ainda na hora de dormir (eita hora longa...): "Mamãe, tô triste. O lobo mau tomou meu mingau" Respondi: "Vou mandar fazer mais mingau..." Ele: "O lobo mau é mim, mamãe" Eita mãe besta, meu Deus!

domingo, 1 de junho de 2008

A volta

Pois é, pessoal, voltei. Nenhum imprevisto. Tudo está no seu lugar. Ótimo, porque semana que vem eu viajarei de novo! Mesmo esquema: pai e mãe, ouro de mina... Meus pais novamente ficarão com João Marcelo. Fico com pena deles porque sei que cansa, mas, embora pareça, não é sempre que eu e Marcelo saímos pelo meio do mundo. A volta foi tranqüila. João Marcelo só demorou uma hora e meia pra dormir depois que entramos no quarto, com as luzes todas apagadas e aquele som infalível, tocando lindas canções de ninar. Rápido, não? Quando cheguei, tinha novidades: o avô tinha feito tudo que o neto queria... Comprou um bicho de pelúcia (o Leitão, da coleção do urso Pooh) por R$ 150,00 e achou uma pechincha. "Papai, foi um absurdo! A gente sempre explica pra ele que não tem condição de comprar esses brinquedos caros e ele termina levando qualquer brinquedinho de até R$ 5,00", reclamei. Papai olhou pra mim e disse: "Achei que ainda estava lucrando, porque o primeiro brinquedo de que ele gostou era um bicho de pelúcia de R$ 600,00. Por isso, quando ele fez a troca, comprei sem pestanejar..." Coisa de avô...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Viagem

Da última vez que viajei com Marcelo (meu marido, pai de João Marcelo), sem o Gordo, foi uma frustração. Imagine que você chegou, com seu love, a uma praia deserta, em Alagoas, há cerca de duas horas, está hospedada numa pousada chamada Aldeia Beijupirá, quando o (seu) celular da TIM, que tem um ótimo sinal por lá, toca... Não é um comercial da TIM, muito menos da Aldeia Beijupirá, querida, é vida real! Ele toca e a sua mãe, a avó do seu filho, nervosíssima, avisa que ele levou uma queda e terá que levar quatro pontos na cabeça. Você olha em volta e se lembra de que está a cerca de três horas do Recife, que precisa fazer uma travessia de balsa para conseguir pegar a estrada e que esta seria a sua primeira viagem, sozinha com seu marido, depois de mais de um ano! O que você faria? a) Manteria a calma e esperaria o desdobramento dos fatos. b) Ficaria histérica ao telefone querendo saber detalhes sobre o acidente. c) Passaria o telefone para o marido e esperaria que ele administrasse a situação, mas voltaria a puxar o telefone do marido. d) Todas as alternativas anteriores. Eu fiquei com a alternativa d). Primeiro, fiquei histérica, querendo saber como tinha acontecido (como se assim, pudesse voltar no tempo). Depois passei o telefone para Marcelo. Como vi que ele estava mudo, quase catatônico, puxei de volta o telefone. Foi quando resolvi manter a calma e esperar para ver se precisaria voltar. A decisão foi racional, mas confesso que não funcionou. A viagem já tinha ido por água abaixo. A gente já não tinha clima nem para saborear aquele jantar maravilhoso do Beijupirá... Enfim, o fim de semana tinha acabado mesmo. Voltamos no dia seguinte, no primeiro horário da manhã. Passamos a noite dando cochilos embalados pela esperança de que o dia chegasse e com ele o serviço da balsa que precisávamos pegar... Bom, mas cada viagem é uma viagem... Por isso, tenho fé que este final de semana que vou passar com Marcelo em Fortaleza será tranqüilo. Além do mais, João Marcelo já teve todas as viroses que poderia contrair no último mês, então... Além do mais, ele vai ficar com meu pai e minha mãe... Se eles me criaram, né? Tem mais: domingo, 15h30, estarei de volta. É uma viagem muito rápida... João Marcelo é uma criança calma, nunca cai... nunca se machuca... é saudável...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Palestra de Içami Tiba é adiada

Quem tem interesse em ouvir a palestra de Içami Tiba - Quem ama educa! - anunciada para a próxima segunda-feira (02) vai ter que esperar. O evento foi adiado e Içami Tiba só estará no Recife no dia 27 de outubro, às 20h, no Mar Hotel.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Corte de cabelo

Já ouviram falar na palavra e-s-c-â-n-d-a-l-o? Pois é, hoje eu presenciei um. Meu fiho foi o protagonista. E tudo por causa de um corte de cabelo. É, um corte de cabelo. Aquilo que a gente faz com certa constância pra combater o calor e deixar o xuxuzinho mais lindo... Ele fez uma cena. Chorou, dizendo que estava doendo; fez contorcionismo na cadeira, como se estivesse sendo torturado; derramou lágrimas copiosamente... Isso tudo num intervalo de exatos seis minutos. É claro que eu não ia colocá-lo numa camisa de força. Depois de toda a negociação, de estar coberta de ponta de cabelo, coçando os braços e o rosto (sim, porque ele estava no meu colo, era a condição que tinha imposto pra cortar as madeixas), entreguei os pontos. Desisti. A cabeleireira - que só tinha conseguido cortar a franja - no final sequer cobrou. Acho que não via a hora de se ver livre da gente. "Não, mãe, não precisa pagar nada, não. Pode ir. Ele está muito estressado. Vá, vá". Ela definitivamente queria que a gente sumisse dali. Saí, passada. Chegamos a nossa casa. A avó estava aqui e, notando o cabelo dele um pouco diferente (um verdadeiro caminho de rato, pra ser sincera), perguntou: "Cortou o cabelo, João Marcelo?" Ele respondeu com um tom que só podia ser de cinismo: "Ainda não". A avó sorriu com a resposta e sequer conhecia o contexto.

domingo, 25 de maio de 2008

"Mantenha distância"

Passei por uma esses dias que não sei muito bem como contar, mas vou contar. Bom, estou administrando uma conjuntivite e sabe as recomendações quais são: distância do filho, lavar as mãos sempre (suas e dele) por aí vai. Estou parecendo aqueles avisos de caminhão: "Mantenha distância". O fato é que ninguém pegou a bendita aqui em casa. Até agora, pelo menos. Essa conjuntivite é viral e agora comecei a aprender tudo sobre ela. A gente pensa que está melhorando, piora. Passa um dia sem dor, no outro, a dor vem dobrada. Enfim, sábado da outra semana achei que estivesse boa. Sem ardor, olhos limpos, todos os sinais de que ela já tinha me deixado em paz. Aqui no Recife tem chovido. Quem é daqui sabe. O dia amanhece lindo e de repente cai a maior chuva. João Marcelo carente, o dia feio e eu tive a idéia genial: vamos ao shopping para brincar naqueles cercadinhos horrorosos! Vamos! Quem me conhece sabe: Essa é minha última opção. É a apelação geral. Não gosto de ir a shopping center nem pra fazer compras, imagina pra distrair criança. Ainda mais com esse monte de doença assolando... Virose, conjuntivite, meningite... E todo mundo confinado em um "não-lugar", como sociólogos já definiram esses centros de compra. Bom, mas fui. Vivi uma experiência no mínimo dolorosa. João Marcelo ficou lá dentro, brincando, eu cá fora, num café, observando. De repente, deparei-me com a situação (não tenho palavras para adjetivá-la). Um menino do lado de fora do cercadinho, com um controle de video game, jogando, olhando para dentro por entre as brechas da cerca. Maltrapilho, sujo, lá pela casa dos 13 anos. Provavelmente da favela que foi imprensada para que o shopping fosse construído. Não foram mais de cinco minutos. Com certeza, ele pedira o controle a alguma criança de dentro do cercadinho... Visualizei a seguinte condição: as crianças que ficavam dentro do cercado e as que ficavam fora... É claro que não era uma novidade. É claro que essa condição sempre existiu, mas dessa vez eu fui testemunha ocular. Senti uma dor enorme ao ver aquilo. Entretanto, nada fiz. Continuei tomando meu café, contemplativa. Uma espectadora passiva. Fiquei refletindo e notei que o menino vinha se aproximando do lugar onde eu estava. Devia ter sido banido de lá. Alguma funcionária zeloza deve ter percebido e pedido o controle de volta. Ele se aproximou de uma senhora, pediu algo. A mulher negou. Ele se aproximou de mim e pediu dinheiro para comer. Eu disse que não daria dinheiro, mas pagaria um lanche para ele. Ele foi à moça do caixa, pediu um lanche e eu paguei. Depois, fiquei pensando na hipocrisia do meu gesto. Não tomei a iniciativa de ir pagar a entrada dele no cercadinho. Não. Talvez ele fosse muito maltrapilho e sujo para brincar no mesmo espaço em que meu filho estava. Era uma criança, como a minha, mas nem tanto. Senti-me mal. Ainda hoje a lembrança me emociona. Não apenas a dele, do lado de fora do cercadinho, mas também a minha, de mera espectadora, que compensou a culpa de não ter viabilizado a entrada dele no cercadinho pagando-lhe um lanche. Talvez, inconscientemente, tenha achado que aliviaria minha culpa ao pagar o lanche. Embora não o tenha feito com essa intenção. Hoje, refletindo, entendo a mesquinhez do gesto. Não era exatamente o lanche que aquela criança queria, mas era só aquilo que eu estava disposta a lhe oferecer. Continuava com aquele aviso de caminhão, "Mantenha distância", só que agora essa distância não seria entre eu e João Marcelo.

Ausência

Pessoal, desculpa a ausência esses dias todos... Estou há exatos quinze dias administrando uma conjuntivite miserável, daquelas que eu não conseguia sequer pensar em abrir o computador. Ainda não estou boa: é antibiótico, corticóide, soro fisiológico. De uma forma ou de outra, estou melhorando. Nunca tinha tido e não pensei que fosse tão ruim... Bom, pelo menos agora já está dando pra encarar o computador...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Jadilma e Isadora

Dois dos principais jornais do Recife deram hoje, na primeira página, a notícia do reencontro de Jadilma com Isadora. Jadilma, a mãe, e Isadora, a filha seqüestrada com menos de 24 horas de nascida por Divanir Maria da Silva. A seqüestradora que saiu, com a menina nos braços, do Hospital Central de Paulista foi denunciada e já está presa na Colônia Penal Feminina do Recife. Caso encerrado, final feliz. Ficam, entretanto, algumas reflexões. Não vou nem querer imaginar o desespero de Jadilma com o seqüestro da criança. Muito menos especular sobre a dor de um bebê que procura o calor dos braços da mãe, o peito que alimenta e a voz que acalma, mas não encontra. Entretanto, acho que vale a pena refletir sobre a facilidade com que uma desconhecida entra num hospital e sai com uma criança nos braços de forma, aparentemente, tranqüila. Refletir ainda sobre a "coincidência" de a mulher que seqüestrou Isadora morar a apenas duas ruas de distância da casa de Jadilma. E mais: refletir sobre a freqüência com que esses fatos ocorrem no Brasil. De vez em quando, uma notícia de uma criança seqüestrada na maternidade. A falta de segurança nos hospitais, a negligência podem ser cogitadas. O final feliz é um alívio, mas não pode colocar uma pedra numa situação que se repete em várias cidades do País. Algum procedimento institucional falhou. Ou o seqüestro não teria havido. As autoridades precisam investigar até o fim para inibir outras ocorrências do tipo.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Compositor nato

João Marcelo (pra quem ainda não sabe, meu filhote de dois anos e quatro meses) sempre gostou de música. Desde que estava na minha barriga... Quando eu conseguia dar um tempo na minha vida agitada, parava, deitava e levantava as pernas, não dava outra: era colocar o cd "Beatles for babies" (recomendo às mães que estiverem grávidas) que ele parava de se mexer e ficava bem quietinho. Pois é, ele nasceu, foi crescendo e aqui em casa a gente gosta de ouvir boa música. Desde um ano de idade, João Marcelo vem demonstrando que sente muito prazer com sons. Ele sempre transformava os brinquedos em alguma coisa sonora. Por exemplo: pegava o carrinho e fazia dele um instrumento de percussão contra o chão... De repente, começava a cantarolar pela casa... Comecei a perceber esse gosto musical e a comprar cd pra ele ouvir (dá uma olhada na lista). Depois, os presentes que ele escolhia eram sempre instrumentos musicais... A madrinha (minha irmã) deu a ele um cavaquinho; minha mãe, uma sanfona, e eu descobri uma professora que trabalha com pré-musicalização para bebês. Duas, na verdade: Isabel e Adna. Uma vez por semana, vamos ao Rosarinho e Isabel apresenta os instrumentos, estimula João Marcelo a se movimentar, a cantar e a tocar também. Eu participo da aula que, por enquanto, é individual. Ele é o primeiro aluno dela nessa faixa etária. Pois é, agora descobrimos uma nova faceta dele: a aptidão para compor... Vejam só! Há um mês estávamos em Gravatá e do nada ele começou a cantarolar uma música que eu não sei de onde ele tirou: "Tá, tá, tá... tá passeando em Gravatá...". Mas a melhor de suas composições, a que merece o prêmio Grammy, foi a que ouvimos hoje. Ele me chamou e eu respondi: "Já vou, filho!" Então ele começou a cantarolar: "Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar (ele não fala ladrinhar, ele fala alguma palavra que significa isso, entende?) com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante (outra palavra que a gente supõe que seja brilhante), para mamãe, para mamãe passar..." Eu tinha ou não tinha que registrar? Se eu não registrasse essa, o blog teria que mudar de nome...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Içami Tiba no Recife

O autor de "Quem ama, educa!", Içami Tiba, vai dar uma palestra no Recife, no próximo dia 02 de junho, às 20h, no Mar Hotel. Tema: Quem ama, educa! Formando cidadãos éticos. O evento é aberto ao público e você pode conseguir mais informações pelo telefone 3231.4997, com Jaqueline Salles. Confesso que discordo de uma série de suas afirmações categóricas. Quem sou eu pra discordar de um autor que já vendeu mais de dois milhões de livros falando sobre educação? Sou, primeiro, um ser pensante; depois, sou mãe, ora! De qualquer forma, para discordar tive que conhecer, lendo alguns dos seus livros. Uma palestra como essa, de uma maneira ou de outra, é sempre uma oportunidade de discutirmos questões pertinentes à formação dos nossos filhos. Pode ser interessante conferir! Deixo a dica.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Adormecido ou acordado?

Às vezes, João Marcelo está dormindo, mas posso jurar que ele está acordado. Agora mesmo, estava aqui, no escritório, que fica ao lado do quarto dele, e ouvi um choro... Pensei que fosse um choro. Não era. Acho que ele estava sonhando. Depois ouvi: "Mamãe...". Pronto, agora ele acordou. Fui lá e ele estava dormindo. Ele dorme a noite inteiiiira, diga-se de passagem. É melhor não se gabar, mas que é uma bênção, é. Ele dorme assim desde os três meses de idade. Agora arrasei! Muita mãe deve estar pensando, com um certo despeito: "Esse menino não mamou!" Mamou, sim, querida (matei de inveja, morreu, vai sair do blog... sai não, vai... tô gostando tanto desta brincadeira de postar mensagem sobre esta viagem que é ser mãe...)! A pediatra de João Marcelo, um amor, batia na madeira, quando perguntava sobre o sono dele e eu respondia com uma tranqüilidade de quem dorme a noite toda muito bem, obrigada. Teve um período que ficou complicado... Lá pelos nove meses, quando começaram a nascer os dentes. Foi uma aventura. Uns três meses em claro durante quase a noite toda. O menino só queria peito, peito, peito. Coçando a gengiva, ele me feriu. Se eu disser que não senti, vocês acreditam? Ou eu estava dormindo na hora que ele me feriu ou eu já estava tão escaldada com os percalços da amamentação que nem percebi. O problema é que eu adorei amamentar. Sei que há mães que não gostam. Eu não as culpo. Não é fácil!!! Quem disser que é fácil, desculpe, eu discordo. Dá um prazer enorme, mas também tem suas vicissitudes... Mas voltando: o fato é que ele me mordeu. Foi o que o cirurgião-pediatra disse. O menino só fazia cocô preto... E vocês sabem: cocô preto... tá perdendo sangue (foi o que pensamos). O cirurgião-pediatra olhou pra João Marcelo e disse: "Um menino corado desse, perdendo sangue? Senhora, o seu peito deve estar com alguma fissura". "Mas, doutor, eu retiro leite com as máquinas elétricas e o leite sai branquinho, sem qualquer sinal de sangue...". Ele riu: "Elas não puxam tão profundamente quanto os bebês. A senhora vai observar, quando o estiver amamentando, se a boca dele não fica vermelha...". Saímos do consultório. Silêncio total. João Marcelo não dava um pio. Claro que estávamos aliviados com a avaliação médica. Mas vocês sabem como é: o menino fazia cocô preto há três dias e a gente já tinha passado por quatro médicos. Pairava um silêncio dentro do carro. Marcelo, de repente, começou a rir. Eu também, claro. Ainda bem que ele estava rindo da minha leseira de mãe... Eu tinha que fazer eco! Não fez uma reclamação sobre a minha inexperiência (ou demência? olha a rima, jornalista!). "Coisa de pai quase mãe". João Marcelo, sabendo o que tinha aprontado, nesta noite, dormiu tranqüilamente, sem que ouvíssemos sequer um suspiro.

Entrevista

Marília Gabriela fez uma entrevista ótima com a atriz Denise Fraga ontem, no canal GNT. Vão reprisar o programa amanhã, às 22h30. Vale a pena dar uma zapeada. Denise Fraga escreve uma coluna interessante na Revista Crescer, intitulada "Travessuras de Mãe".

domingo, 11 de maio de 2008

Presente

Bom, Dia das Mães. Um blog intitulado Coisa de mãe não pode passar em branco num dia como esse. De qualquer maneira, passei o dia refletindo sobre o dia. Não tive outra coisa a fazer porque fiquei confinada em casa, com uma confirmação de conjuntivite e uma suspeita de dengue. Deitada na cama e isolada do meu filho, por motivos óbvios. Ganhei presente, claro. Lindos. Um do pai, outro do filho. Mas o melhor de todos veio agora à noite. Na hora de colocá-lo para dormir. Considerando meu estado, eu não seria a pessoa mais indicada para fazê-lo dormir hoje, mas não teve jeito. Havíamos passado o dia separados e a frase "Eu quero minha mamãe" fez com que eu ignorasse a prudência e fosse contar historinhas para ele. Fiquei afastada dele, diferentemente de todas as noites. E ele começou: "Mamãe, deita no meu travesseiro". Eu expliquei que não podia, estava doente e não queria que ele pegasse... Ele respondeu, colocando a mão ao redor do meu pescoço, no abraço mais carinhoso do mundo: "Quer que eu bote remédio? Eu cuido de você, mamãe". Foi quando recebi o maior dos meus presentes e agora acho que minha imunidade deve dar o ar da graça.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Gostaria de saber se aí tem mangueira...

A escolha da primeira escola para os filhos não deve ser fácil para ninguém... Aqui em casa, acho que foi um pouco mais difícil... Sempre fui aquela que se preocupa com o macro; o pai, que ocorre de ser também meu marido, sempre foi aquele dos mííínimos detalhes, se é que vocês me entendem... Vou explicar: ele é engenheiro elétrico. Quando terminávamos de visitar cada uma das escolas que tivemos a chance de conhecer (cerca de 15), vinha a frase: "Pontos positivos (eu sempre começava): 'a proposta pedagógica (quando era o caso), o espaço físico' e por aí vai; Pontos negativos (em geral, era a vez dele): 'tinha um fio solto acessível a qualquer criança, você viu aquela escada?" Até aí, tudo bem. Um belo dia de novembro, em uma das visitas, ele disparou: "Por que toda escola tem uma mangueira, hein?" Demorei um pouco para entender do que ele estava falando. Mangueira? Que mangueira? Foi quando ele explicou que toda escola que a gente visitava tinha uma mangueira no parque. É, uma mangueira, aquela árvore que dá manga e uma sombra maravilhosa... A princípio, não entendi nada. Marcelo - o nome do pai de João Marcelo, meu filho (haja criatividade) - morou em casa a vida inteira, lá em Casa Amarela. Se tem uma coisa que não falta naquela casa é mangueira! E o homem estava preocupado com as mangueiras das escolas. Mas ele não se fez de rogado e me deixou em estado deplorável: "Estou pensando na segurança de João Marcelo. Se uma manga cai na cabeça de um desses meninos, acabou, morre na hora". E eu me perguntei: "Como não pensei nisso antes?" Agora tínhamos mais um ponto negativo nas avaliações das escolas: a bendita mangueira. Podemos garantir, com conhecimento de causa: todas as escolas que visitamos tinha lá a majestosa mangueira. Imponente, como a desafiar-nos a matricular João Marcelo. Ela parecia olhar pra mim com um certo desprezo e pra Marcelo... com deboche. Entrávamos no carro e o primeiro ponto negativo era a mangueira. Ironicamente, manga é a fruta preferida dele. Confesso que já estava meio descrente de que conseguiríamos matricular João Marcelo para o início de 2008. Não chegávamos a um consenso. Até que fomos visitar a última escola da lista. Todos nossos amigos a haviam apontado como uma das melhores do Recife. Só que ela fica longe pra gente. Pense numa contramão! Mas, sabe como é: mãe é mãe, pai é pai... Educação é tudo que a classe média trabalhadora pode oferecer aos seus filhos... Enfim, todo esse discurso que vocês já conhecem. Confesso que minha vontade era chegar à portaria da escola e perguntar: "Gostaria de saber se aí tem mangueira..." Pra não perder tempo... Tempo é dinheiro e minha paciência estava para se esgotar a qualquer momento. Resisti. Entramos, conversamos com a coordenadora, voltei às minhas preocupações pedagógicas. Ficamos impressionados. Chegou a hora de conhecer as dependências da escola. Fiquei torcendo para não encontrar a mangueira de novo, aquela dos meus pesadelos mais recentes. Mas não deu outra. Ela estava lá, impassível. Não consegui ver mais nada. Olhei pra ele e disse: "Aqui também tem mangueira, meu bem" (sabe aquele 'meu bem' enfático, aquele 'meu bem' que queria dizer que ia esganá-lo ou mandar derrubar a mangueira...) Ele respondeu: "Pelo menos, aqui o pessoal é inteligente. Colocou uma rede (dessas que a gente coloca nas janelas dos apartamentos para evitar acidentes com as crianças)". Olhei de novo e vi. Nunca fiquei tão feliz por ver uma rede. Ela protegia o parque das eventuais mangas que caíssem sem prejudicar o ambiente, mantendo-o arborizado e agradável. Sorri aliviada.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O primeiro comentário, a gente nunca esquece

Natália foi uma mãe que me inspirou muito quando eu me encontrava em estado interessante. E foi dela o primeiro comentário publicado no blog. Não por acaso. Natália é muiiiito mãe! Mãe coruja, mãe doce, mãe firme. É Coisa de mãe rejeitar promoção no emprego pra ficar mais tempo com os filhos, não é não? Deu uma sugestão super interessante sobre o horário de entrada das crianças na escola... Ela lembrou o quanto nós, matriarcas, ficamos à vontade no ambiente escolar. Além disso, acho que toda mãe tem uma pra contar sobre esse momento fatídico! João Marcelo, que está na fase de adaptação escolar, sempre apronta uma. Depois passo por aqui e conto!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mãe é mãe

Acabo de chegar do aniversário de um dos coleguinhas do meu filho, João Marcelo. Sentei à mesa com outras mães de colegas da escola... Conversamos durante mais de duas horas, foi divertido. Mas só agora, depois de chegar à minha casa, percebi. Passamos todo o tempo falando das crianças. Não me lembro de nenhum outro assunto que não tivesse relação com elas. "Ele é assim, ela é assado... Quando ele se comporta dessa maneira... Olha a alegria dele... Ela está gripando tanto..." Cheguei à conclusão de que mães, quando se reúnem, só têm um assunto: filhos (as) etc e tal. Filhos e assuntos correlatos. Ponto final. É Coisa de mãe trocar idéias com outras mães. É agradável falar neles, deles, estar ali com eles. O maior barulho, criança correndo pra lá e pra cá... E tudo perfeito! Tudo no seu devido lugar. Nós, mães, sentadas à mesa, a conversar, enquanto percorríamos o salão com os olhos, à procura dele ou dela. Freqüentemente, uma de nós se levantava e ia curtir as crianças, brincar, observar o que estavam fazendo. Um no pula-pula, outra na piscina de bolas, mais uma na casinha que compunha o cenário da fazendinha... Sempre eles, o centro das atenções... Só agora me dei conta. Só agora percebi como falamos o tempo todo sobre eles, instintiva e amorosamente... Mais uma Coisa de mãe...

Só pra contrariar...

Resolvi contrariar o poeta e batizei o título da primeira e anterior postagem de "Filhos, melhor tê-los!" Quem tem filho já deve saber o porquê. Quem não tem saberá... Mas só se resolver tê-lo... Não adianta ficar só lendo blog, NÃO! Só ler blog não é Coisa de mãe. Tem que participar, contar as estripulias dos anjinhos, compartilhar e achar maravilhoso o que o filhinho fez, mesmo que ninguém mais ache excepcional, muito menos engraçado, muito menos "tão lindo..." Coisa de mãe normalmente é aquilo que é leseira para todo o resto das pessoas que não se enquadra na referida categoria (mãe, claro!)... Mas é cada leseira boa, doce, faz tanto sentido às vidas dessa qualidade de gente... Coisa de mãe é não querer que a criança se mele depois que está toda pronta para ir ao aniversário do colega, é querer que o cabelo dele (a) esteja sempre penteadinho (missão impossível!), é não querer que ele fique ao relento (essa é nova!!!), pra não pegar sereno, é querer que ele diga "bom dia" sempre, pra mostrar o quanto a criança é educada (ou o quanto você é uma mãe eficiente?). Coisa de mãe é ler sobre educação infantil, é perambular pelas trinta escolas da cidade, aprender o que é socioconstrutivismo, é voltar a pintar, a brincar com massinha de modelar, a usar sucata... Coisa de mãe é tudo isso... E olha que está só começando...

Filhos, melhor tê-los!

POEMA ENJOADINHO Vinícius de Morais Filhos...Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-lo? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como o queremos! Banho de mar Diz que é um porrete... Cônjuge voa Transpõe o espaço Engole água Fica salgada Se iodifica Depois, que boa Que morenaço Que a esposa fica! Resultado: filho. E então começa A aporrinhação: Cocô está branco Cocô está preto Bebe amoníaco Comeu botão. Filho? Filhos Melhor não tê-los Noites de insônia Cãs prematuras Prantos convulsos Meu Deus, salvai-o! Filhos são o demo Melhor não tê-los... Mas se não os temos Como sabê-los? Como saber Que macieza Nos seus cabelos Que cheiro morno Na sua carne Que gosto doce Na sua boca! Chupam gilete Bebem xampu Ateiam fogo No quarteirão Porém, que coisa Que coisa louca Que coisa linda Que os filhos são! (Antologia Poética)